Capitão América: Admirável Mundo Novo

Após se encontrar com o recém-eleito presidente dos EUA, Thaddeus Ross, Sam se vê no meio de um incidente internacional. Ele deve descobrir o motivo por trás de uma conspiração global nefasta antes que o verdadeiro gênio faça o mundo inteiro ser dominado pelo vermelho.

Reviews e Crítica sobre Capitão América: Admirável Mundo Novo

Assim como sua série de televisão prequela, ” The Falcon and the Winter Soldier “, o mais novo filme do MCU, “Capitão América: Admirável Mundo Novo”, espera explicar por que um homem negro gostaria de representar um país que tão raramente protegeu pessoas que se parecem com ele. Desde o início, Sam Wilson ( Anthony Mackie ), agora Capitão América, confia na santidade do governo dos EUA. Mas por que Wilson quer fazer parte do sistema? Por que ele sorri e suporta isso na cara de pessoas que tão claramente o desprezam? A representação por si só é realmente o bálsamo para um país quebrado? Para abordar completamente essas questões, o MCU precisaria ser algo que não é: radical. Em vez disso, esta série de filmes quer normalidade, ser tudo para todos. Esse desejo mal concebido derruba Wilson e torna esta última parcela da novela mais longa do cinema a mais fora de contato até agora.

“Capitão América: Admirável Mundo Novo” nunca seria um texto revolucionário. Mas considerando que “O Falcão e o Soldado Invernal” pelo menos fez alusões aos experimentos de Tuskegee, à exploração de corpos negros e ao complexo industrial prisional, havia algum otimismo de que este filme uniria esses fios para um tecido contemporâneo vibrante. Em vez disso, “Admirável Mundo Novo” envolve desajeitadamente temas políticos distantes em torno de cenários de ação deformados para um filme cuja vontade de entreter supera qualquer coerência narrativa. Esses heróis não representam nada e, como tal, desmoronam diante de nossos olhos enquanto tentam salvaguardar um futuro fraco nascido de um passado fascista enterrado. “Admirável Mundo Novo” é a relíquia de um sonho pós-racial, construído com ferramentas de respeitabilidade que não foram apenas ineficazes, mas autodestrutivas.

Muitos dirão que não vêm ao MCU por política, mas o filme do diretor Julius Onah não apenas convida a tal conversa, ele a incita propositalmente. “Admirável Mundo Novo” começa com o recém-eleito presidente Thaddeus Ross ( Harrison Ford ) convidando Wilson para uma recepção na Casa Branca. Wilson não só aparece, mas também traz seu companheiro, Joaquin Torres ( Danny Ramirez ), também conhecido como o novo Falcão, com ele. Ele até fala com o “Capitão esquecido” Isaiah Bradley (Carl Lumbly), que ainda está bravo com as décadas de experimentação da América com ele, para ir com eles. Ross tem dois objetivos para a noite: ele quer que Wilson refaça os Vingadores, e ele está almejando intermediar um tratado multinacional com o Japão construído sobre a descoberta de adamantium na Ilha Celestial (você sabe, a parte do mundo onde o corpo de um alienígena divino permaneceu meio chocado desde ” Eternos “, mas nunca comentado). A noite de comemoração, no entanto, toma um rumo diferente quando os sinos doces de “Mr. Blue” do The Fleetwoods fazem com que Bradley, com a mente controlada, se torne um Candidato Manchuriano completo ao tentar assassinar Ross. Com Bradley agora preso, Wilson trabalha para limpar o nome do amigo antes que o sistema o mate psicológica e fisicamente.

Você pensaria que a prisão injusta de Bradley desencadearia algum conflito interno dentro de Wilson sobre seu apoio contínuo a um sistema anti-negro. Mas é bem o oposto. Ele trabalha para defender o governo argumentando em favor de um suposto bem implícito dentro de Ross, cujo afastamento de sua filha Betty ( Liv Tyler ) após sua caça ao Hulk inspira o político autoritário a buscar a paz. A esperança compartilhada de Ross e Wilson por harmonia é interrompida por Samuel Sterns (Tim Blake Nelson, reprisando seu papel em ” O Incrível Hulk “), um cientista com um machado para moer contra Ross. Sterns não é um grande vilão. Você poderia substituí-lo por uma samambaia, e isso não mudaria muito drasticamente; ele não tem crueldade, profundidade e personalidade. Sua presença perplexa, com pouco peso adicional da trilha sonora espinhosa, faz com que um filme já inerte se arraste. Sério, nenhum filme do MCU pareceu tão longo quanto “Admirável Mundo Novo”. Metade da história é Wilson e Torres, com a ajuda da chefe de segurança de Ross, uma ex-Viúva Negra israelense chamada Ruth Bat-Seraph (Shira Haas), seguindo os passos de uma investigação que rapidamente perde força e oferece poucas risadas.

A única graça salvadora do filme de Onah é a ação intermitentemente robusta e bem trabalhada. Onah realmente gosta de ver corpos flexíveis e musculosos se movendo pelo espaço, apreciando a palpabilidade da forma humana. Uma luta de abertura no México entre o líder da Serpente Sidewinder ( Giancarlo Esposito ) e Wilson, por exemplo, floresce através de um bando de tomadas completas que permitem aos espectadores sentir cada soco contundente. Ao contrário da fotografia plana de filmes anteriores da Marvel, nesta sequência de abertura, Onah e seu DP Kramer Morgenthau pelo menos permitem que sombras evocativas esculpam os rostos de seus atores — um jogo do qual Esposito é um grande beneficiário dessa abordagem estética. Ele é a única pessoa neste filme que detém a centelha necessária para iluminar a tela. Infelizmente para Esposito, o cineasta abandona essa linguagem visual durante outra cena do ator, uma briga em um ferro-velho. A fotografia lamacenta e sem cor retorna com força total aqui, não fazendo nenhum favor a Esposito nem a Mackie.

A meia hora final de “Admirável Mundo Novo” é igualmente tediosa, concentrando-se nas dores pessoais e na raiva latente dentro de Ross. Ford tenta conjurar alguma magia (ele ainda é capaz de conceder exclusivamente a figuras vilãs sombrias uma vantagem de humanidade ), mas é principalmente sobrecarregado com diálogos clichês. Considerando a persona americana de Ford na tela, você pensaria que Onah exploraria o passado de sua estrela (“ Jogos Patrióticos ” ou mesmo “ Força Aérea Um ”) para desviar as expectativas do público. Em vez disso, a inclusão de Ford se torna uma oportunidade perdida imperdoável. A única explosão de excitação que eles lhe concedem vem quando ele se transforma em Red Hulk (os efeitos visuais aqui são realmente muito estelares). Sua fúria ardente e total — que Wilson luta para parar — está repleta de simbolismo representando um país em chamas, uma Casa Branca fraturada e um governo angustiado por seu papel como a “polícia mundial”. As metáforas aqui não são altas; eles estão gritando, fazendo com que “Admirável Mundo Novo” seja menos uma chance de entretenimento escapista e mais uma preocupação com seu próprio senso de autoimportância.

A incapacidade de toda a franquia de equilibrar substância com prazer colide com sua conclusão inepta. Na verdade, não tenho certeza se odiei um final de filme mais recente do que este. Para os propósitos desta análise, não vou estragá-lo. Mas digamos que este filme imagina que está vivendo em um país diferente, ou melhor, em um mundo diferente, do que a realidade que muitos experimentaram. Ele defende o perdão imerecido enquanto faz acenos apressados ​​de última hora ao peso da excelência negra, à luta para ganhar um assento à mesa e à importância da representação. Ele não apenas transforma seu herói em um negro mágico. Em um esforço para acalmar a raiva e a mágoa da América branca, ele também pede que seu herói sorria e figurativamente dance sapateado fora da tela. Mesmo que o hino de Kendrick Lamar para To Pimp a Butterfly, “I”, uma escolha que visa provocar alegria, adicione uma nota declarativa, você não pode deixar de se sentir enjoado. Este é o nosso Capitão América negro? Este é o nosso pedaço do bolo?

Este filme é tudo menos corajoso. É o blockbuster mais irresponsável e covarde da última década, um filme que precisa queimar o velho mundo antes de ousar procurar o novo.

Capitão América: Admirável Mundo Novo Online

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